Reflexões de um domingo

"Mas você não vê. Não vê, não enxerga, não sente. Não sente porque não me faz sentir, não enxerga porque não quer. A mulher louca que sempre fui por você, e que mesmo tão cheia de defeitos sempre foi sua. Sempre fui só sua. Sempre quis ser só sua. Sempre te quis só meu. E você, cego de orgulho bobo, surdo de estupidez, nunca notou. Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter; são como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado. Seja feliz." - (Caio F. Abreu.)

Lendo o treco acima, do Caio Fernando, como muitas pessoas, eu pensei: "ta ai, tudo o que eu queria que ele escutasse, que ele soubesse!", e foi no domingo, que eu estava me sentindo tão sem vida, tão sem rumo e tão sozinha, realmente sentindo falta dele, ou do cheiro dele, ou de alguma coisa dele que ainda está em mim.

No domingo eu sai pra caminhar, mas tudo se resumia a essa falta imensa que eu sentia. Falta...eu pensei que sentissemos falta de quem era presente em nossas vidas, mas dai quando me dei conta, eu não poderia sentir falta de alguém que nunca estava comigo, pode ser que fisicamente sim, algumas poucas vezes, mas se for por numa balança as ausencias e presenças, talvez foi uma das pessoas mais ausentes que eu tive na minha vida, e por uma das quais eu fui mais presente, vai entender a lógica de tudo isso? E voltando a me perguntar sobre a "falta", na realidade era mais um vazio, olhando pra certos lugares e lembrando de cada passo que eu ja tina dado junto dele nesses mesmos lugares, isso dói. De lembrar o quanto eu me esforcei, o quanto eu amei (e amo) e o quanto eu fui dele, comecei a me lembrar de planos, aqueles que eu fazia sozinha e na minha cabeça ele tava lá, me pedindo em casamento e correndo com nossos filhos, envelhecendo juntos e sendo felizes pra sempre. Mas não, isso não era ele, esse cara não era ele, nunca foi e nunca ia poder ser! Eu nunca tinha parado pra pensar no quanto esse relação tinha sido extremamente minha fantasia, eu penso que era quase platônico, ele encontrou a pessoa certa, na hora certa (e frágil) pra dizer "te amo, vem viver comigo", ele viu antes que ali estava alguem que ia ser dele até que ele não quisesse mais, até que ele resolvesse pegar as coisas e ir embora de novo, o passatempo dedicado e amoroso que eu um dia chamei de relacionamento, e no fim quando voce cai na real e ve tudo mais claro, voce se odeia e se culpa por sua estupidez e ingenuidade, por ter passado tanto tempo construindo seus planos com alguém de mentirinha, numa história de mentirinha, mas num sentimento que pra voce fois o mais verdadeiro que poderia ser.

Dizem que o ódio é o amor que adoeceu, eu sinto ódio agora, eu me sinto mal por escrever isso, eu me sinto muito mal por admitir isso, mas ja era tempo, eu preciso odiar, eu preciso ter raiva, rancor, e pensar coisas ruins sem me culpar.

Eu fugi do castelo, e preferia muito mais ter sido a bruxa do que a princesa.







(Maria Clara Carrilho - 15/05/2012.)

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