sentidos que adormecem


"Había tanto tiempo perdido en vos, eras de tal manera el molde de lo que hubieras podido ser." - Julio Cortázar.



Venho há dias lendo muito, frases, trechos, coisas que de certa maneira me confortam ou me fazem entender sozinha coisas que nunca me explicaram e que com certeza ficarão assim.
Isso é muito meu, e acho que do próprio ser humano: buscar explicação pra tudo. Essa busca é o que nos deixa inquietos e nos faz pelo bem ou mal descobrir o que está além de nossos jardins.
Pra quê um tiro no pé quando se pode dar vários? Bem vindos ao meu mundo! Pode parecer masoquista e é, no auge do que isso possa ser, mas entre terapias e tentativas a gente vai levando tanto da vida, tanta dor carregada no peito, tanta ferida aberta que um dia isso começa a fechar sem querer, para de doer, de sangrar, a gente esquece de cutucar e cicatriza, ou a gente decide que não dá mais...ou quando chega no ponto dos sentidos adormecerem de tão profunda dor, você já sentiu isso? - se não, não queira! - pois bem, nesse misto angustiante de adormecimento de sentidos e choro sem lágrimas é quando seu corpo mesmo te nega o sofrimento e é hora de parar pois não existe mais como continuar.



"quando é hora de parar?
- agora mesmo, basta!
já se foi o tempo, o medo, 
o escuro das dores,o luto vivido, 
profundo,as lágrimas foram muitas,
os quilos e risos perdidos, 
a falta sentida,
as pílulas de ludibriar a dor,
novos cheiros, gostos,
como epílogos de semi paixões sem êxito.
a esperança, a busca, o cansaço.
a foto, os fatos, o fim;
enfim, a traição sabida: dói e liberta,
machuca e cura,
mata e faz renascer,
sou eu agora,
um novo ser em construção."


Maria Clara Carrilho - 31/03/2016.

By my side



“Não, eu não escrevo sobre ele
Ele não me deixa só,
No tempo que escreveria ele estava logo ali, ao meu lado
Nunca pensei em agradecer por não escrever
Eu agradeço agora.”

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“No, I don’t write about him,
Cause he doesn’t leave me alone,
At the time were I would write, he was right there, by my side
I never thought to thank for not write
But now I do.”


- Maria Clara Carrilho.

Persona




Somos personagens dum desenho preto e branco...
Mudo.
Continua trêmula a visão
Os rastros te passam no chão
Sombras coincidem... 
Ecos.
Ventania de palavras secas,
na quietude das tardes de domingo.
Durmo.
Sonho, passo e calo.
Calço meus sapatos. 

Adiós.


Clara Carrilho.

Eu seria teu fim.




"Eu poderia ser teu pior erro, 
teu maior deslize, 
teu pesadelo sem fim. 
Eu seria teu fim, 
não haverias de ter outro senão eu. 
Onde começo e onde termino? 
No caos de uma vida a outra? 
Teus desejos serão bélicos, 
Tuas mãos alcançarão teus medos, 
Anseios? 
Não creio que os tenha...
Provas, duvidas, mentes e entrega te à teus prantos lentamente.
O algoz não pode esperar,
Tua sombra já dobra a esquina,
Arde, alardeando a dor,
Expurgas os elos.
Sofres em paz, cá estou...

- silêncios."




Clara Carrilho.

Sinto frio




"Tô cansada dessa boca seca, desse gosto amargo
Cansada do tempo e de tudo que é desnecessário.
Tenho arrepios pela espinha que me dão mais medo que antes
A vida que encontro em mim já não vale a partida
Oblíquos sentimentos em olhares desavisados
Já vejo em mim a dor antes sentida, os anos passam e a dor segue a mesma

Essa centelha infeliz que cresce por minhas entranhas
Esse sentido escondido
Esse véu que coloquei sobre tudo agora cai
Tudo se esvai e o que fica é a ferrugem de uma alma imutável

- Sinto frio."

(Maria Clara Carrilho.)

Vontade



"Vontade da tuas mãos apertando minha cintura e deslizando pelo meu corpo.
Saudade da tua força quando puxa-me os cabelos e me segura dizendo que sou tua.
Tenho febre em pensar nos teus beijos, na tua boca e na sua falta de pudor, sussurrando-me coisas ao pé do ouvido.
Esse frio que arranha meu corpo quente e esse calor que não passa, dentro de mim."

- Maria Clara Carrilho.


Te juro versos, não rimas.




"Te juro versos, mas não rimas.
Canso-me de achar palavras que combinem
Prefiro palavras que se encontram, se confrontam e se atraem.
Minha letra merecia escrever cartas até que os punhos doessem,
Numa sangria de palavras soltas nessas folhas despretensiosas.
Não penso, deixo como está.
E se lugar nunca pareceu tão bom e tão rápido.
Esse mundo de porens e entretantos cheios de talvez me fazem pensar no tempo que não temos,
Mas tememos o fim e mesmo assim, seguimos vivendo como se fossemos imortais.

Imortalidade vazia, crua.
As páginas não irão virar-se por si sós."



- Maria Clara Carrilho.

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