Adendo existencial.



"Nada do que faço mais me complementa que amar
amar coisas, situações, filmes, musicas, pessoas
um por do sol ou uma lua cheia
uma noite estrelada ou uma brisa num lindo dia de sol
amar faz sentido
faz-me sentir o outro melhor
(ou faze-lo sentir-me melhor)
nas epifanias de versos a esmo
nas voz prosaica que fazem sair de mim

a então eloquência de futuras paixões me absorvem
o súbito desejo de sentir calafrios
a extrema vontade de entregar-se
- e a incapacidade de faze-lo -

o medo de perder o controle
(e a controladora força que o medo exerce em meu ser)
nada, isso é quase nada de mal
a frivolidade está em que julga saber muito de si.
Ah, e eu que ainda espero pelas primaveras!
não seria tão exímio pensar assim?
não seria perder-se nos trilhos?
senões passarão batidos!
muros erguei-se-ão ao redor da flor
e quanto a ti já não estiro duvidas,
e quanto a mim, já não procuro mais."


(Maria Clara Carrilho, 16 outubro de 2013, São Paulo.)

Verso bobo




"Se não tivesses surtido,
esse efeito sórdido e sortido em mim
eu não estaria feito lapide agora
eu estaria mais na minha e menos nos teus sonhos
eu  estaria implorando pra explorar tuas frechas
cada vazio
cada suspiro

cada adeus."


Maria Clara Carrilho, setembro de 2013.


Vislumbre.




"De todo tempo que aparece
De toda mão que desobedece
Cada caminho toma um rumo
Cada escolha, a cada segundo...
De toda a dor que não cessa
De toda paixão que se apressa
Cada amor morre ou triunfa
Cada qual, sol, chuva ou lua
De todo sabor que apetece
De todo o gosto que permanece
Cada cheiro lembra ou confunde
Cada lembrança, cada mentira ilude.
De toda a vida e existência, de toda a alma e sua potencia
Cada estrada será percorrida, cada luz e cada verdade se esquiva."


(Maria Clara Carrilho, setembro de 2009.)

Sobre vazios, cores e olhares.



"Se a gente fosse menos complicado,
esse sol verde não brilharia como agora
ou as estrelas não fossem cadentes o tempo todo
no vazio dos segundos a conta gota
minha mente parece ter as ideias menos fixas
mais nubladas, menos fartas
o buraco dentro do peito que faz parecer não ter alma
me lembra que estou caminhando sem ver o tempo passar
acordo, vejo o cinza e sorrio com um olhar sem brilho
minha boca seca anseia por palavras
que passeiam pelo meu universo
e  nunca saem de orbita.
Lembro-me dos olhares azuis
E do quanto não quero que voltem a mirar-me
A brisa leve e fria entra pela pequena janela
E eu já me esqueço da dor."




(Maria Clara Carrilho,  08/07/2013 - São Paulo.)



O novo jeitinho brasileiro.



“O povo não deve temer o seu governo, o governo deve temer o seu povo.”

Este texto pode conter clichês e frases feitas, começando pela citação acima e o titulo deste artigo.

Em 29 anos acho que, a única manifestação que vi e lembro muito pouco foi a da era Collor, no mais pra mim no Brasil isso não era uma pratica, sequer uma possibilidade, e eu realmente não me importava com isso até estar na faculdade.
Resolvi ser jornalista, pela paixão por escrever unicamente. Primeiros dias de aula, eu com 17 anos, recém-chegada do ensino médio, levei um choque com as disciplinas de sociologia e filosofia. Não que eu fosse algum tipo de alienada, até quis seguir a carreira e Filósofa e lia coisas básicas sobre o assunto, mas a universidade realmente mexe com as nossas cabeças.

São inúmeros autores, correntes, pensamentos e você inebriado quer sair com a camiseta do Che Guevara gritando “viva la revolucion!”, acha que a anarquia seria a melhor maneira de viver uma sociedade melhor e nada disso pra você é utópico.
Como futura jornalista, acompanhava diariamente os noticiários e sempre via manifestações e protestos pelo mundo, mas sinceramente nunca me perguntei nessa época o porquê do Brasil não ter esse tipo de coisa.

O tempo passou, eu já não queria mais ser anarquista nem sair militando por ai, achei que por meio dos meus textos, publicados em jornais eu conseguiria atingir o objetivo de fazer as pessoas refletirem mais. Mal sabia eu onde estava entrando. Meu primeiro artigo sobre politica foi “gentilmente” censurado pelo dono do jornal da minha cidade (gentilmente, porque cidade pequena todo mundo é amigo do seu pai, mãe, tio e papagaio, então dizem essas coisas como se fossem seus camaradas), dizendo que era muito forte e que eu deveria tomar mais cuidado com o que escrevesse.

Bom, o tempo passou, eu já não acreditava em quase mais nada e tomei a velha máxima do “tudo no Brasil acaba em pizza mesmo”, como verdade.
Passados alguns anos, desempregada e querendo conhecer coisas novas fui parar na capital Argentina, Buenos Aires.

E você me pergunta: “porque raios você esta falando tudo isso?”, e te digo: porque foi lá, num país com uma economia mais fraca e tão pequeno perto do Brasil que eu comecei a ver o quanto o brasileiro era alienado (ou comodista.)
Chegando lá, comecei a perceber que todo dia havia algum tipo de protesto. Ruas fechadas, transporte publico parado, greves, cartazes por todos os lados, e me incomodei um pouco no começo, eu pensava: “poxa, esse povo não tem mais o que fazer não?”.

Com o tempo fui conhecendo as pessoas de lá, desde jovens até pessoas bem mais velhas, e não é brincadeira, todos entendiam e discutiam política quase o tempo todo. Eles sabiam exatamente o porquê de seus protestos e as conversas eram deliciosamente interessantes.
Depois de passar cerca de dois anos lá, aprendi muito sobre cidadania e sobre lutar pelo que se quer não só escrevendo, mas indo pra rua, mostrando a cara. Vi que o Brasil ainda tem muito que aprender em relação ao conhecimento de sua história política, e não fingir sofrer de amnésia.

Hoje o mundo sabe que o brasileiro não se importa somente com futebol e carnaval, vivemos e vimos nestes últimos dias a maravilhosa e real festa da democracia, jovens nas ruas, isso realmente me fez acreditar que aqui ainda tem gente que quer um país melhor.
Os famigerados 0,20 centavos foram o estopim, agora não podemos fugir a luta, existem muitas coisas a serem reparadas, as PEC’s 37 e 33 a serem votadas que devem urgentemente ser vetadas. A “cura gay” que ocorreu à surdina por uma pessoa sem escrúpulo algum e que é presidente de uma comissão que visa proteger os direitos humanos, por trás disso não é só protestar contra essa “cura”, mas perguntar por que esse cara está lá. Sem falar na lei do nascituro, algo que deve ser realmente refletido e questionado.

Do “vamos pra rua” ao “continuemos lá” é que devemos chegar.


Maria Clara Carrilho, jornalista.

Das tempestades.




"E quantas vezes o sol ainda há de bater
nessa minha face pálida
ate que eu retire o véu que me separa da verdade
e quantas luas cheias eu hei de ver refletindo toda sua beleza num lindo espelho d'água
ate que todos meus amores morram e eu pare de morrer por eles.
Ah! mas e as tempestades?
Belas, barulhentas e intensas!
Se parecem muito mais comigo, que qualquer ser humano.
Que venham tempestades, tormentas, trovoes!
que ecoem em todo o canto de minh'alma!
que mesmo sucedidos de sol e arco iris, não perca sua presença hostil e bela.
Escureçam céus, irrompam marés!
Sacudam meu turbilhão de sentimentos e os façam voltar a si, ou a ti.
Faz-me tua em cada gota e relâmpago
Faz-me chover
 Faz-me chover.

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(Maria Clara Carrilho, 18/05/2013 - Lucélia-SP.)

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